Domingo, não vou ao Maracanã

O processo de elitização do estádio mais democrático do mundo

Foto: Pedro Silva

Foto: Pedro Silva

Arquibancada. Cadeiras especiais. Geral.

Esse é o caminho percorrido pelos milhões de confetes, rolos de papel higiênico e papéis picados nas apoteóticas festas que ocorriam no Estádio Jornalista Mário Filho. O gigante Maracanã foi erguido em 1950 para sediar a maior competição de futebol do planeta: a Copa do Mundo. Hoje com 74 anos, o estádio já foi a segunda casa de milhões de torcedores, de todas as idades, classes sociais, cores e gêneros. Gerações e mais gerações de “arquibaldos” e “geraldinos” – termos criados pelo jornalista Washington Rodrigues para se referir aos torcedores da arquibancada e da geral – viveram as experiências mais felizes e memoráveis de suas vidas nesse templo do futebol. Com o passar dos anos, o Maracanã precisou se adaptar aos novos tempos. As mudanças, entretanto, não levaram em consideração o protagonista de todos os jogos do estádio: o torcedor.

Maracanã, 1979 - Foto: Custódio Coimbra / O Globo

Maracanã, 1979 - Foto: Custódio Coimbra / O Globo

Maracanã de todos

A extinta geral do Maracanã - Foto: Reprodução

A extinta geral do Maracanã - Foto: Reprodução

Torcida do Vasco festeja durante partida contra o Botafogo, em 2007 - Foto: Guilherme Azevedo

Torcida do Vasco festeja durante partida contra o Botafogo, em 2007 - Foto: Guilherme Azevedo

Os primeiros anos do Maracanã foram marcados por festas, torcidas unidas e um público diverso e apaixonado. Antonio Francisco, de 83 anos, começou a frequentar o estádio ainda criança, no ano da inauguração. Suas primeiras memórias do Maracanã refletem a importância social e cultural do lugar: “Eram festas de confraternização entre as torcidas. A emoção era coletiva”. O geógrafo destaca a localização do estádio como fator fundamental para a sua popularização. “Foi construído na Zona Norte, ao lado do centro. Pelos túneis, chegava-se à Zona Sul. Pelos trens, à Zona Oeste e à Baixada”, explica. 

Torcidas do Rio unidas pelo Bangu na final de 1985 - Foto: Reprodução / TV Globo

Torcidas do Rio unidas pelo Bangu na final de 1985 - Foto: Reprodução / TV Globo

Ele diz que não havia brigas, mas sim união dos espectadores: “Eram todos movidos por paixão e euforia”. Antonio relembra um momento em que até torcidas adversárias deixaram a rivalidade de lado para confraternizar. Na final do Campeonato Brasileiro de 1985, torcedores de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco se uniram para torcer pelo Bangu – clube do subúrbio carioca – contra o Coritiba. E houve mais casos parecidos. 

Em 1994, flamenguistas e vascaínos deixam a rivalidade de lado e cantam em homeangem a Senna - Foto: Guilherme Azevedo

Em 1994, flamenguistas e vascaínos deixam a rivalidade de lado e cantam em homeangem a Senna - Foto: Guilherme Azevedo

Guilherme Azevedo, de 50 anos, mora na Zona Sul e é torcedor fanático do Flamengo. O administrador conta sobre um dia que ficou marcado na história do estádio. No dia 1º de maio de 1994, Flamengo e Vasco se enfrentaram pelo Campeonato Carioca. Antes da partida, uma trágica notícia é anunciada pelos alto-falantes do Maracanã: a morte do ídolo nacional Ayrton Senna. “As torcidas dos dois times cantaram juntas em homenagem a Senna”, conta Guilherme. Só um espaço popular e democrático como o Maracanã poderia proporcionar um momento como esse.

Jogadores reverenciam a torcida rubro-negra nos anos 80 - Foto: Coluna do Fla

Jogadores reverenciam a torcida rubro-negra nos anos 80 - Foto: Coluna do Fla

A nova geração de torcedores ainda consegue sentir, em partes, a emoção que é assistir a um jogo no Maracanã. Diana Beatriz tem 19 anos e cursa Letras na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Assim como Guilherme, a moradora da Zona Oeste é rubro-negra de coração. “Torcer ali é a oportunidade de mais jogar junto ao time do que apenas assisti-lo”, explica a jovem torcedora. Apesar da diferença de idades e condições sociais, ela, Guilherme Azevedo e Antonio Francisco dividem algo em comum: a paixão pelo Estádio Jornalista Mário Filho, e a consciência de sua importância social. Junto com elas, vem a preocupação com o processo de elitização que afeta diretamente o estádio e o público.

De reforma em reforma, o gigante perde a forma

Bastidores da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 - Foto: Marcelo Sayão / EFE

Bastidores da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 - Foto: Marcelo Sayão / EFE

A estrutura original do Maracanã manteve-se intacta por mais de quatro décadas. Nesse período, o estádio chegou a receber centenas de milhares de torcedores no mesmo jogo, como na final da Copa do Mundo de 1950, em que foram registrados 199.854 presentes. Esse foi o maior público da história do Maracanã. Era certo, porém, que o estádio precisaria de reformas em algum momento, tanto para acompanhar as mudanças que o tempo naturalmente traz, quanto para preservar a infraestrutura. Infelizmente, as primeiras alterações na configuração do Maracanã foram fruto de uma grande tragédia.

No dia 19 de julho de 1992, Flamengo e Botafogo se enfrentaram no Maracanã, pela final do Campeonato Brasileiro. Antes do início da partida, entretanto, um tumulto na torcida rubro-negra deu origem a uma correria desenfreada. “Eu vi uma onda, uma avalanche saindo da boca do túnel”, relata Guilherme.  O desfecho da confusão foi trágico: a grade da arquibancada cedeu. “Foi um silêncio assustador no Maracanã.” Como resultado do acidente, três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. O estádio foi interditado, foram construídos pilares entre as cadeiras especiais e a arquibancada, e a reabertura ocorreu apenas no dia 3 de fevereiro de 1993.

Em 1999, começa uma reforma maior. O Maracanã seria sede, no ano seguinte, do primeiro Mundial de Clubes da FIFA. A entidade máxima do futebol decidiu que, para receber os jogos, o estádio, que até então tinha a mesma configuração dos anos 50, precisaria ser reformado. Então, foram instalados 50.000 assentos (setores verde, amarelo e branco) no anel superior. É o fim da arquibancada de cimento. Assim, a capacidade máxima foi reduzida para 103.022 espectadores. Além disso, novos camarotes foram construídos. Começa, ainda que tímido, o processo de elitização do Estádio Jornalista Mário Filho

Após sete anos de um Maracanã já diferente, vem a primeira reforma mais radical no estádio. O Rio foi escolhido como sede dos jogos Pan-Americanos de 2007, e as novas mudanças deram fim a um dos maiores patrimônios cariocas: “Acabaram com o geraldino.” O lamento de Antonio Francisco faz referência à extinção do setor popular do estádio, onde foram alocadas mais cadeiras. Um Maracanã que já havia contado com 199.854 torcedores, suportaria agora uma capacidade máxima de 90.000 pessoas. E não parou por aí.

O golpe final foi dado em 2010, quando o Maracanã fechou as portas para a maior reforma de sua história. Numa sequência de grandes eventos esportivos, o Brasil sediaria a Copa do Mundo da FIFA de 2014. O estádio foi demolido e construído praticamente do zero. A estrutura externa – rampas, estátua do Bellini, Maracanãzinho – foi preservada. Internamente, porém, o Maracanã era outro lugar. Atrás do banco de reservas, onde ficava a antiga geral, foi inaugurado o setor Maracanã Mais, o mais caro do estádio. A lotação máxima foi diminuída para 78.838 torcedores e, por questões de segurança, nunca foi totalmente preenchida.

Confira a seguir a redução da capacidade com as principais reformas do Maracanã:

Ano

Capacidade

1950

199.854

2000

103.022

2007

90.000

2013

78.838

Preços em alta, povão em falta

Em 1981, ainda havia espaço para todos no Maracanã - Foto: Paulo Moreira / O Globo

Em 1981, ainda havia espaço para todos no Maracanã - Foto: Paulo Moreira / O Globo

Com as reformas, o Maracanã se tornou um estádio cada vez mais moderno e, portanto, cada vez mais caro. Se as mudanças na estrutura do estádio – principalmente a extinção da geral – não tinham sido suficientes para afastar, os sucessivos aumentos do preço dos ingressos com certeza foram. “Era muito mais democrático”, resume Antonio Francisco. O valor para assistir aos jogos no setor mais barato variava entre 5 e 10 reais, algo inimaginável no contexto atual, em que os ingressos mais baratos raramente são inferiores a 30 reais. 

O museu do Maracanã preserva parte da história do estádio - Foto: Pedro Silva

O museu do Maracanã preserva parte da história do estádio - Foto: Pedro Silva

Em 1976, Flamengo e Vasco levaram ao Maracanã o 5º maior público da história do estádio. A vitória rubro-negra por 3 a 1 foi assistida por 174.770 espectadores, em partida válida pelo Campeonato Carioca. Há relatos de que havia torcedores até na marquise do estádio. A renda do jogo foi de 3,5 milhões de cruzeiros. De acordo com o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), o valor corresponde a cerca de R$ 1,525 milhões atualmente. Isso significa que o ingresso médio pago pelos torcedores na ocasião foi de apenas R$ 8,58.

Torcedores assitem a partida de cima da marquise do estádio - Foto: Paulo Moreira / O Globo

Torcedores assitem a partida de cima da marquise do estádio - Foto: Paulo Moreira / O Globo

Pequeno torcedor segura bandeira na partida mais cara do Maracanã - Foto: Pedro Silva

Pequeno torcedor segura bandeira na partida mais cara do Maracanã - Foto: Pedro Silva

A final da Copa do Brasil de 2023 bateu um recorde histórico no futebol brasileiro. Segundo apuração da ESPN, a partida teve a maior renda de uma partida entre clubes na história do futebol brasileiro: R$ 26.343.300,00. Guilherme estava presente no dia, e falou sobre a reação da torcida no estádio: “Quando anunciaram a renda do jogo no telão, o Maracanã inteiro se uniu em vaias ensurdecedoras”. Considerando que o público total da partida foi de 67.350 pessoas, o preço médio pago pelos torcedores foi de R$ 391,14 por ingresso. O valor equivale a 45 vezes o preço médio das entradas para o grande jogo de 1976.

A burocracia na compra de ingressos é outra barreira significativa que afasta os torcedores do Maracanã. Os sistemas de sócio-torcedor dos clubes, que deveriam facilitar o acesso, muitas vezes criam uma camada adicional de complicação para aqueles que não podem arcar com a mensalidade. “Por não ter plano de sócio-torcedor no momento, comprar ingresso é uma dificuldade”, lamenta Diana. Guilherme é associado ao programa, revela que a mensalidade paga em seu plano equivale a 10% de um salário mínimo, e relembra os tempos em que o acesso ao Maracanã era democrático: “O ingresso era comprado na hora do jogo, a fila era igual para todo mundo. Pobres e ricos encaravam a fila do mesmo jeito”.

Sem povão, sem vida - Foto: Pedro Silva

Sem povão, sem vida - Foto: Pedro Silva

Segundo ele, a venda ilegal de ingressos é outro fator que contribui para a elitização do estádio. Guilherme afirma que os cambistas são um “câncer" para o Maracanã. “Eles pegam (o ingresso) e vendem mais caro ainda. Então, quem compra é quem paga mais caro ainda”, descreve, frustrado, o mecanismo do mercado paralelo de ingressos.  Antonio afirma que a prática acontece desde os primórdios do Maracanã, e brinca com a situação: "O cambista é uma instituição nacional ". Embora presentes há décadas no entorno do estádio, os cambistas passaram a ter mais destaque com a crescente elitização e escassez de ingressos acessíveis. 

No cardápio, salgados são os preços

Cardápio do Maracanã em 2014 - Foto: Diogo Dantas

Cardápio do Maracanã em 2014 - Foto: Diogo Dantas

A experiência gastronômica no Maracanã também reflete o processo de elitização do estádio.  Um simples lanche no Maracanã pode custar o equivalente a uma refeição completa em um restaurante nos arredores do estádio. O encarecimento das comidas e bebidas deu um salto em 2014, durante a preparação para a Copa do Mundo. Na época, as mudanças foram assunto de matérias no Jornal Extra e no UOL. Dez anos depois, o torcedor que vai ao Maracanã encontra um cenário ainda mais frustrante nos bares e lanchonetes do estádio, onde os preços são inflacionados e desproporcionais. Confira as mudanças:

Fonte: Extra e UOL

Fonte: Extra e UOL

Como apresentado na tabela, os preços dos alimentos vendidos durante os jogos aumentaram significativamente nos últimos anos, tornando-se um peso a mais no bolso dos torcedores. De acordo com Diana, a entrada com comida nos acessos do Maracanã é proibida ou dificultada. A jovem cita a melhor alternativa para os torcedores que não querem gastar ainda mais dinheiro no estádio: “Levar alimentos de casa e comer antes de entrar". Escolhas como essas refletem uma forma que muitos frequentadores do estádio encontraram para resistir à elitização do Maracanã.

Elitização sobre trilhos

a train is stopped at a train station a train is stopped at a train station

Estação de metrô do Maracanã - Foto: Pedro Silva

Estação de metrô do Maracanã - Foto: Pedro Silva

Além das dificuldades para comprar ingressos e alimentos, fatores externos influenciam diretamente na elitização do Estádio Jornalista Mário Filho. O aumento do preço das passagens do transporte público no Rio de Janeiro é mais um fator que afasta o público do estádio do Maracanã. Ao longo dos últimos anos, esses valores têm se tornado cada vez mais altos. A jornada até o estádio, portanto, passa a representar uma despesa significativa. 

Torcedores pagam cada vez mais caro para ir ao Maracanã - Foto: Pedro Silva

Torcedores pagam cada vez mais caro para ir ao Maracanã - Foto: Pedro Silva

A partir da pesquisa de notícias sobre reajustes de preços de passagens, foram levantados números que escancaram esse aumento. Foram selecionados os dados desde 2010 – ano do último jogo no antigo Maracanã – até os dias atuais, passando pelos anos dos principais marcos da trajetória do novo estádio: reinauguração (2013), Copa do Mundo (2014), Olimpíadas (2016) e Copa América (2019).

Fonte: G1

Fonte: G1

Devido ao aumento desses valores, torcedores que, assim como Diana, vão de trem ao Maracanã, gastam pelo menos R$ 14,20 (considerando ida e volta) com deslocamento em um dia de partida. A jovem conta que o preço não é o único obstáculo enfrentado pelos usuários do transporte ferroviário: “Nos jogos terminados às 23h30, costumo sair da estação do Maracanã só às 00h45. Depois de uma hora no trem, ainda preciso caminhar por 25 minutos da estação até minha casa, pela falta de transporte na madrugada”. Assim, tanto o bolso quanto o bem-estar desses torcedores são comprometidos nas idas aos jogos. 

Antigamente, a situação era outra. Embora o tempo gasto pelos moradores do subúrbio carioca e Baixada Fluminense já  fosse considerável, o dinheiro pago pelas passagens era muito menos abusivo. “Eu saía de casa três horas antes do início dos jogos, mas era bem mais acessível”, explica Antonio Francisco. Hoje, as tarifas pagas pelos torcedores estão muito acima do seu poder de compra. Isso os faz pensar duas vezes antes de decidirem gastar seus preciosos tempo e dinheiro, que já são curtos, com as longas jornadas ao Maracanã.

Maracanã para os poucos

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Torcida tricolor recebe o time em partida da Libertadores 2024 - Foto: Pedro Silva

Torcida tricolor recebe o time em partida da Libertadores 2024 - Foto: Pedro Silva

Diante das significativas transformações e da evidente elitização do Maracanã, os torcedores têm reações e percepções distintas. Antonio Francisco não é dos mais otimistas: “É irreversível”. O geógrafo não vê alternativas viáveis para resgatar, ainda que parcialmente, a essência do Maracanã que frequentou durante tantos anos. Guilherme e Diana, por outro lado, acreditam que há, sim, maneiras de frear o processo de elitização do estádio para que ele não se torne ainda menos acessível.

Guilherme traz sugestões bastante objetivas: “Tirar as cadeiras atrás dos gols, que era exigência da FIFA. Aumentaria em 50% a capacidade naquelas áreas, cobrando ingresso popular”. Segundo ele, a elite já está privilegiada o suficiente com o setor Maracanã Mais e as dezenas de camarotes. Diana propõe mudanças semelhantes. “A acessibilidade aumentaria com garantia de cota de ingressos para o público sem plano de sócio-torcedor.” Ambas as sugestões são feitas em um contexto de uma elitização jamais vista no Maracanã.

Geraldinos coroam seus ídolos pessoalmente - Foto: Reprodução / Nostalgia Futbolera

Geraldinos coroam seus ídolos pessoalmente - Foto: Reprodução / Nostalgia Futbolera

No antigo Maracanã, só embaixo da arquibancada já cabiam 50 mil pessoas, sendo 30 mil com preço popular, na altura do campo. Ou seja, praticamente metade da capacidade atual do Maracanã era ocupada pela Geral. “A voz que chegava perto do campo era a do geraldino”, Antonio recorda. Guilherme, que já foi muito ao estádio tanto antes quanto depois da reforma, percebe claramente as diferenças sociais: “O público não é o mesmo.Você não vê mais as pessoas pobres no Maracanã. Essa pessoa não está mais no Maracanã”. Ele é um dos privilegiados que, por sua condição socioeconômica, ainda consegue frequentar o estádio regularmete.

Para a grande maioria dos cariocas, entretanto, é insustentável manter uma rotina como a de Guilherme. Antonio, devido ao avanço da idade, foi ao Maracanã pela última vez há seis anos. Quando perguntado sobre o que mais sente saudade do antigo Maracanã, ele deixa a paixão falar por si só: “Não ir é o que me faz sentir falta”. Já para Diana, o principal obstáculo, além da dificuldade de comprar ingressos, é a distância da sua casa, na Zona Oeste, para o Maracanã. “Em dias de jogo, vou dormir por volta de 2h30, tendo que acordar às 4h para ir estudar. É cansativo”, lamenta. 

A jovem é mais uma das centenas de milhares de pessoas que não podem se dar o luxo de ir com frequência ao Maracanã. Um estádio que já foi uma referência de espaço democrático para o país inteiro, tornou-se, em poucas décadas, um símbolo de desigualdade social. Ex-geraldinos, que torciam apaixonadamente, suando mais que os próprios jogadores, agora assistem aos jogos em TVs de bares. Em seus lugares, estão os poucos que podem assistir aos espetáculos do esporte mais popular do país. Ironicamente, cada vez menos popular. A intensa elitização do Maracanã significa uma grande perda cultural para o Rio de Janeiro, e uma derrota social para os cariocas. De todos para os poucos.